Os meios de comunicação social têm-se agitado na procura de descortinar o teor da conversa entre Passos Coelho e José Seguro no dia de ontem. Parece-me óbvio.Tirando a hipótese de lhe transmitir os votos de boas festas só poderá haver um assunto passível de tal preocupação - a revisão constitucional. Passos sabe que a revisão só pode avançar com a anuência do PS. Sabe também que a troika não abdica de varias alterações que segundo eles constituem um entrave ao desenvolvimento nacional. Como aluno bem comportado, Passos tem na mão um dilema complicado - convencer José Seguro destes intentos. A questão não é portanto essa. Trata-se de saber para que lado pende a decisão do PS. Assim vejamos. Já aqui referi várias vezes que Seguro está refém dum passado recente e do epitáfio de que o PS é o principal responsável pelo estado a que chegaram as contas públicas e o pedido de assistência estrangeira. Nesse sentido, está dividido entre a defesa dos interesses nacionais vistos numa óptica de esquerda; a defesa dos trabalhadores; os compromissos assumidos com a troika e sobretudo não poderá liderar a oposição num assumir conjunto de posições que mercê da conjuntura nacional parecem consensuais. Uma liderança fraca vai sempre balancear entre questões teóricas e preconceitos. Falta-lhe coragem. Uma visão estratégica. Quem vai sofrer, como sempre, é o povo, que terá que lutar nas ruas por condições de vida melhores e de um futuro promissor para os seus filhos. Passos Coelho terá que arranjar argumentos para a troika. Felizmente, nisto tudo, há uma coisa a considerar - ainda não vale fazer tudo...

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