Seria interessante reflectir sobre o discurso de Natal de Passos Coelho. Não pelo conteúdo, não pelas ideias. Pelo contrário: pela falta delas. Do seu semblante formal e carregado transparece o incómodo de quem infringe dor e pesar aos portugueses. Quem anuncia mais desgraças. Quem não tem uma palavra de conforto ou de animo, numa mostra de total ausência de sensibilidade, sobretudo por aqueles que não fazem parte de lobbies instalados na nossa sociedade. Repudiando aqueles que têm beneficiado com este estado de coisas e que nos trouxeram até aqui.
A agenda de transformação estrutural que se pode ler no memorando de
entendimento que Portugal assinou com a troika expõe bem
quais são os grupos e sectores que vivem protegidos da concorrência. Da
energia às telecomunicações, das concessões feitas em pseudo-parcerias
entre o público e o privado ao próprio sector financeiro, das autarquias
a alguns institutos públicos, estamos perante um mundo que tem
beneficiado do dinheiro dos contribuintes e dos cidadãos por acção ou
omissão de sucessivos governos.Valha-nos ao menos isso. Já que não temos coragem alguém que o faça.
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