O deputado eleito do CDS/PP-Madeira Rui Barreto garantiu hoje, em entrevista à RR, que o
partido, que integra a coligação do Governo da República, "defenderá até
as últimas consequências" a denominada Zona Franca desta região. Afirmações como estas evidenciam, o abuso e a vulgarização, de ideais nobres cuja aplicação deveria ser criteriosamente escolhida. Ao não medir convenientemente as palavras que usamos nos discursos, ainda que inflamados pelo rescaldo das eleições, arriscamo-nos a desvalorizar os mais nobres sentimentos, os mais altos ideais pátrios. Por isso esta afirmação parece-me patética. Não imagino este deputado suicidar-se na defesa intransigente dos valores que defende. Mesmo admitindo a veracidade dos sentimentos e o valor do empreendimento, é manifestamente exagerado e injustificável. Fica mal e ninguém lhe dará crédito. ...Atrevo-me a citar um exemplo de estoicismo de levar os ideais até às últimas consequências. Martim Moniz está ligado à conquista de Lisboa aos Mouros
e figura na memória da cidade através de uma praça com
o seu nome. A lenda conta que D. Afonso Henriques tinha posto cerco à
cidade, ajudado pelos muitos cruzados que por aqui passaram a caminho da Terra
Santa. O cerco durou ainda algum tempo, durante o qual se travavam pequenas
investidas por parte dos cristãos. Numa dessas tentativas de assalto
a uma das portas da cidade, Martim Moniz enfrentou os mouros que saíam
para repelir os cristãos e conseguiu manter a porta aberta mesmo a custo
da sua própria vida. O seu corpo ficou atravessado entre os dois batentes
e permitiu que os cristãos liderados por D. Afonso Henriques entrassem
na cidade. Ferido gravemente, Martim Moniz entrou com os seus companheiros e
fez ainda algumas vítimas entre os seus inimigos, antes de cair morto.Percebem?

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